''Problema é do Fisco e não do contribuinte''
			Para técnicos da Receita Federal, a entrega de uma declaração para que a compensação de crédito seja feita abre espaço para a sonegação.
		
	
	
		
		Para o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, a ocorrência de  compensação de créditos indevidos pelas empresas é um problema da fiscalização  do Fisco, não dos contribuintes. 
Segundo ele, poderiam ser criados novos  filtros para pegar as incoerências apresentadas no Pedido Eletrônico de  Restituição, Ressarcimento ou Embolso e Declaração de Compensação (PedComp).  "Estar em malha, assim como ocorre com a pessoa física, não quer dizer que a  empresa fez algo errado", afirma Maciel. 
Em 2002, ainda no mandato de  Maciel, a Medida Provisória (MP) 66 permitiu que a compensação de crédito  passasse a ser feita por meio de apresentação de declaração na qual devem  constar informações relativas aos créditos utilizados e os respectivos débitos  compensados. 
Na ocasião, também foi fixado o prazo de cinco anos para o  Fisco se manifestar contrário ao encontro de contas. "O meio não é responsável  por nada. Se existe compensação de crédito indevida, que sejam criados novos  parâmetros de fiscalização", comenta o ex-secretário. 
Para técnicos da  Receita Federal, a entrega de uma declaração para que a compensação de crédito  seja feita abre espaço para a sonegação. Antes da MP, o encontro de contas só  era possível após o término da análise pela Receita Federal, o que levava anos.  Pelo menos, segundo analistas do Fisco, havia menos espaço para uma empresa  solicitar a exclusão de um débito com um crédito indevido. 
Segundo  Maciel, a compensação automática de tributos possibilitou que não houvesse um  acúmulo de pedidos de ressarcimento, o que provocaria um prejuízo ainda maior  aos cofres públicos, pois o valor da devolução deve ser corrigido.
Além  disso, a demora na compensação de tributos prejudicava principalmente o setor  exportador, que é um dos que mais acumula crédito. A lentidão na compensação e  ressarcimento de crédito retira a competitividade dos produtos brasileiros no  exterior. 
A Receita vai promover, em agosto, um seminário para discutir  mudanças no sistema. Dentre as propostas, está a criação de novos filtros de  cruzamento de informações. A Receita quer coibir, por exemplo, que empresas  declaram processos judiciais fictícios para conseguir abatimento de créditos  tributários.